Sem febre e sem dipirona desde quarta-feira, 18 horas, fiz o exame de sangue ontem pela manhã, com resultado previsto para hoje, sexta.
Ligo pra minha irmã, que estava demorando a dar notícias sobre o exame:
- Tá tratando da internação ou do enterro?
- Já tô indo praí, levando o remédio.
- Remédio? Que remédio? Eu já tô boa!
* * *
Meus dois sobrinhos (de 3 e 10 anos), andaram brincando de falar ao telefone:
- A Tia Ivy morreu!
- O quê? A Tia Ivy morreu?
Confirmei com Caio, o de 3 anos:
- É, tia, era de brincadeirinha!
À noite ligo pro Daniel. Ele sempre sabe que sou eu, mesmo que fique calada. Diz que meu telefone tem um toque diferente.
- Oi, tia!
- Tia nada! Sou o fantasma da sua tia! Quando quiser brincar assim, diz que o FHC morreu, que o ACM morreu, mas me poupe, tá?)
* * *
Chega minha irmã, senta-se à mesa da cozinha, retira algumas coisas da bolsa e começa, de um fôlego só, e jogando as envelopes, pacotes, sacos, à minha frente:
- Como os leucócitos sobem e os linfócitos descem, então isso é indicativo de que existe uma infecção bacteriana. Por isso tem de tomar cefalexina, de 6 em 6 horas, durante 8 dias; pra coceira tem de tomar banho com essa colônia, e acender essa vela de 7 dias pro seu anjo da guarda.
- Clariiiiissa! Abaixa o som! Moreeeeeeena!!!!!!!!
- Vocês querem por favor me ajudar a entender o que sua tia tá falando?
E minha irmã repete tudo, acho que trocando alguns nomes do leucograma, ou alguns sobe-e-desce.
Eu, meio apalermada (situação natural nestes últimos dias), quase choramingando:
- Mas eu não tenho nada! Não preciso disso!
- Nem anjo da guarda você tem? (pra acender a vela de sete dias?)
- Não, não tenho mais! Meu sobrinho matou meu anjo da guarda!
Moral da história: família de humoristas permanece unida na alegria e na dor.