Fora à saída, já na porta.
Nas despedidas de praxe, mas sinceras, o "venha quando quiser", "foi bom te conhecer"...
Ele ensaiara uma história sobre a sua forma de vestir, sobre os transtornos à espera do elevador; dera-lhe um abraço e passara-lhe um pedaço de papel.
Ante o ar de surpresa, ele meneara a cabeça e dera um sorriso. Inexplicável até então.
O papel agora estava em suas mãos. Supôs tratar-se de endereço, telefone, coisas essas que já tinha.
Procurara um lugar sossegado. Difícil, pois a casa estava cheia.
Era mesmo um pedaço de papel. Não uma folha, uma tira. Disforme.
Desenrolando-o viu algumas anotações de agenda. Do outro lado começava a história.
Falava de amor há tempo reprimido.
Fora escrito às pressas, ou de momento.
Fazia relação à amora, (a) morenas.
Havia também uma fita com canções exclusivas.
Até mesmo uma observação sobre uma peça teatral a ser trabalhada.
Surpreendente.
A cada desdobrar do papel era uma declaração de amor.
Acordara.
Verificara as horas.
Passara há muito o tempo de acordar.
Daí o pesadelo.
Amor impossível, declarado em dobras de papel, sonho não poderia ser.
Ivy
27/8/01