Vôos Blog(u)éticos de Ivy


"e falta sempre uma coisa, um copo, uma brisa, uma frase... E a vida dói quanto mais se goza, e quanto mais se inventa..." Fernando Pessoa

sexta-feira, maio 31

-- Lindo, não? --
da página de Stela:




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-- Poema --

Delírio - Lau Siqueira






A L G U M A S V E Z E S

OLHANDO AS JANELAS QUE

SE ABREM À NOSSA FRENTE

PENSO QUE NÃO EXISTE O

OUTRO LADO DA RUA E QUE

S O M O S A P E N A S A

INVENÇÃO DE UM DEUS

DESCUIDADO E ABSOLUTO

QUE NÃO PERMITE QUE O

NOSSO SONHO O REVELE

P O R I N T E I R O

AS VEZES ME DEMITO DOS

S O N H O S E COMEÇO A

C A M I N H A R S O Z I NHO

P É S N A A R E I A

M Ã O S D A D A S COM O

I N F I N I T O

A S S I M ENCONTRO A S

SEREIAS OS PEIXE-BOIS AS

G A I V O T A S AS Á G U I A S

ASSIM C O M E Ç O A C A D A

INSTANTE UM MUNDO NOVO

D E N T R O D E M I M




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-- Questão de gosto --

Gosto de palavras, muito.
De letras e de música.
De imagens.
Esqueço da vida visitando sites de fotografia :)
Nessa página tem cada uma muuuiitttto legal.

ps: tb me perco de mim pesquisando em enciclopédias, dicionários... :)))



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terça-feira, maio 28

-- Fazendo arte --

Tem um bicho-carpinteiro dentro de mim que vez por outra começa a ficar inquieto :)
Só que além de carpinteiro, é também pintor, construtor, reformador...
Deve ter sido por essa época também, no ano passado, em que pintei muros, janelas, grades, paredes; fiz canteiro, assentando tijolo por tijolo, peneirando cimento e terra -- hoje não caio mais nessa: já se vende a massa pronta, bastando adicionar água...
Tô namorando uma serra tico-tico!
Não! Não é pra dar cabo do bichinho-carpinteiro não!
É pra fazer arte mesmo! :))))



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domingo, maio 26

-- Livro da Issi --

VEROVERBO está à venda em www.siciliano.com.br a R$ 15,00,



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-- Semana legal --

Segunda - noite de autógrafos do companheiro Odir e rever krikri :)
Quarta - cineminha - "O Conde de Monte Cristo" com filhinhas :)
Sábado - sítio, cachaça de mel, chá de canela (e até homenagem pela elaboração da revista), assistir show à noite
Domingo - ampliação do círculo de amizades e constatação do carinho de amigos :)))
Bom, né? :)))




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sexta-feira, maio 24

-- Prosa? --

Amante secreto

Seria só mais uma história, como tantas outras que costumam acontecer.
O inusitado era com quem se passava.
Levara uma vida recatada, tentando impor seus valores a todos com quem convivia.
Separara, enviuvara, afastara-se da filha e netos.
Nunca conseguira ser feliz.
Gostava de sua solidão, de sua reclusão, de sua ranzinzice.
Começara por criar situações para que ficasse cada vez mais só. Antes, contava com seu azedume para manter as pessoas afastadas.
Agora, com a idade avançando e o espelho gritando a cada visita sua decrepitude, precisava criar novas formas.
Optou pelo esquecimento, pelo confundir pessoas e situações.
Naturalmente que as pessoas assustaram-se. E afastaram-se.
Ficara livre, então, para dedicar-se a si.
E a seu corpo.
Único amante, secreto, parceiro de todas as noites insones e dias monótonos.
Nenhum outro amante saberia desvendar os caminhos, nenhum outro amante colheria maior prazer, nenhum outro seria mais discreto.
Só esse, secreto, porque amante de si mesmo.
Ivy
23/5/02






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quinta-feira, maio 23

-- Música pra embalar uma manhã chuvosa e fria --

Pseudo Blues - Nico Rezende e Jorge Salomão


Dentro de cada um
Tem mais mistérios do que pensa o outro

Uma louca paixão avassala a alma o mais que pode
O certo é incerto, o incerto é uma estrada reta
De vez em quando acerto, depois tropeço no meio da linha

Tem essa mágica
O dia nasce todo dia
Resta uma dúvida
O sol só vem de vez em quando
O certo é incerto, o incerto é uma estrada reta
De vez em quando acerto
Depois tropeço no meio da linha





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quarta-feira, maio 22

-- Convite --

A Editora AGE, a Siciliano Livros & Música e os Autores
têm o prazer de convidar para o lançamento do livro

VEROVERBO

de Clarice Müller (Issi) e Claudio Santana
dia 28 de maio, terça-feira, a partir das 19h,
na Siciliano Livros e Música, do Shopping Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

sucesso pra Issi! :)



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terça-feira, maio 21

-- Prédios feios --

O Maggi colocou lá na coluna dele no Globo Informática dessa segunda:

PRÉDIO : Já reparou como existem prédios feios? Pois a revista Forbes notou e fez uma lista dos mais feios do mundo. Entre os escolhidos, os três aí de cima(a foto não aparece na ediçao online): o Rock and Roll Hall of Fame, em Cleveland; o Experience Music Project, em Seattle; e a Biblioteca Pública de Denver.


Eu, com certeza, colocaria a Catedral Metropolitana do Rio numa listinha dessa categoria.



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-- Intelectual do Ano? --

Konder foi premiado como Intelectual do Ano.
Eu dizia ser ele o único filósofo que eu conseguia ler.
Clá disse que ultimamente ele entrou na linha auto-ajuda.
Mudou o Konder, mudei eu ou mudaram os critérios pro prêmio?



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-- Notícia de jornal --

UM MILHÃO e 300 mil pessoas foram assistir O Homem Aranha este fim de semana, no Brasil.
Fico pensando... pra certas coisas brasileiro não deixa tudo pra última hora, né? :)





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domingo, maio 19

-- papo de fim de noite --

....
-- vc não come carne mas come hambúrguer do McDonalds!
-- mas hambúrguer do McDonalds não é de carne bovina, sabia? é de minhoca. um tipo de minhoca especial, bem grandona (é sério). A carne de minhoca tem menos gordura, mais vitaminas e mais proteínas. É uma carne mais saudável.
-- mas minhoca tb é um ser humano :))))))))))))))))

Mais...pra quê? :))))))))



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sábado, maio 18

-- Triste --




Desde ontem, sexta, a gatinha mais nova não aparece em casa :(
E era dela o colo mais aconchegante, o abraço mais encaixado.





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quinta-feira, maio 16

-- Noite de Autógrafos --

Na próxima segunda-feira, dia 20, no Espaço Cultural dos Correios
(Rua Visconde de Itaboraí, ao lado do CCBB, no Centro), às 19 horas,
noite de autógrafos do "Buquê para Faceira", livro do colega Odir Ramos.
Eu vou! :))



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-- Dúvida cruel --

Ontem fiquei perplexa diante do armário do banheiro porque não conseguia lembrar qual daquelas era a minha escova de dentes.
(Antes que algum engraçadinho me zoe, deixo claro que esse procedimento de escovar os dentes é tarefa rotineira, executada algumas vezes durante o dia.)
Claro que fiquei meio apavorada com essa falha de memória!
Lembrei imediatamente do conto O elo partido, do Otto Lara Resende, em que o personagem começa por esquecer como se dá o nó na gravata, passa pelo esquecimento do nome do chefe, da mulher, culminando no esquecimento de si próprio. Angustiante, o relato, para quem passou por "falhas de memória" parecidas.
Ainda tenho cura?




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-- O show do INXS no Rio --

Meninas ligam, a 15 minutos de começar o show, dizendo que só 4 pessoas estavam no ATL pra assistir INXS.
Inexplicável!
Quando fomos pegá-las, por volta de meia-noite e dez, o show ainda não tinha terminado. Pela quantidade de carros no estacionamento do Via Parque não dava pra entender pq só 4 pessoas no show.
Fomos até a entrada de camarotes e platéia (uma em frente a outra) e perguntei à recepcionista se tinha "enchido"; ela disse que não, o q era lamentável pois "os caras eram bons".
Quando o show terminou, comecei a contar as pessoas que saíam (algumas até saíram um pouco antes do show terminar)...20.. 98...100 e tantas...300...500?
??????????
Explicação só qdo elas aparecem: parece que abriram os portões às 9 e pouco e depois fecharam, só reabrindo mais tarde!
E, de repente, a alegria de ver aquele mundo de gente surgindo, tal qual estouro de boiada :)))))))))




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terça-feira, maio 14

-- Leitura --

Gosto de postar textos que considero interessantes. Esse, do Ins, já estou acrescentando à lista de outros dele que tenho por aqui.
Quem quiser conferir tem mais crônicas e tb poesias na Aldeia

As pequenas coisas e as coisas pequenas - César Oliveira ("Insensato")

Houve um tempo em que ser infeliz rendia ao menos uma canção de dor de cotovelo, cantada pela Maysa, com a fumaça do cigarro e um copo de uísque na mesa. Ser infeliz não chegava a ser um acinte, como hoje. Afinal o que seria da literatura russa sem a dor de viver? Com o tempo a felicidade foi ganhando espaço, tanto quanto o sexo casual, comida de fast-food e celular no ouvido. Até chegarmos a situação de hoje- onde há uma imposição para curtir a vida, uma obrigação de ser feliz. Um fim de semana, em casa, sem festa, tem a dimensão de apocalipse existencial, de vergonha impossível de ser assumida no escritório às segundas-feiras. Há, como nunca, uma urgência de viver intensamente, ou pelo menos de dar a impressão que não somos exatamente um desastre social, custe lá o que isso custar.

A felicidade vem se tornando coletiva, como se atingi-la dependesse de uma exibição pública do reality show particular de cada um. Verdade que a felicidade é coisa diversa e certamente inversa à taxa de juros de seu banco e o valor da pensão alimentícia que você paga. Bernard Shaw dizia que nenhum homem vivo conseguiria suportar uma vida inteira de felicidade, pois seria um inferno. Já Rosseau resumia a felicidade a um bom saldo bancário, uma boa cozinha e uma boa digestão. Eu não sei qual das opções é a definitiva e ando procurando essa fórmula, porque entre os defeitos do criador está este da vida vir sem bula, sem manual, tal como vem o microondas e a agenda eletrônica. Se bem que, apesar do manual, eu, analfabeto eletrônico, não sei usá-la e continuo com uma listinha de papel, toda riscada. Alguns podem dizer que a felicidade é ter alguém que te dê o que você precisa para que você possa dar a esse alguém o que ele quer, ou pelo menos, para que seja sua o bastante mesmo que não o suficiente. Ou - supremo limite do prazer-, que até a dor, se sentida juntos, ela deseje que não acabe nunca mais.

Acontece que é cada vez mais raro chegar até aí, ou encontrar essa parceria. É como escalar o Himalaia de sandália havaiana e camiseta regata. Eu não sei bem se nossa tolerância é que está mudando, se estamos ficando mais individualistas, se nos tornamos incapazes de qualquer renúncia por alguém, ou se é apenas nosso orgulho que faz com que valorizemos em excesso os detalhes, as pequenas coisas, que não deveriam ter a importância que lhe conferimos. Cada vez mais engolimos os elefantes e engasgamos com os mosquitos. Talvez porque não saibamos mais diferenciar mosquitos de elefantes. O importante do secundário. Perdemos a dimensão do detalhe. O rodapé também se tornou uma opção. E envoltos na multidão, nas regras, nos modelos, imperceptivelmente, vamos cada vez mais sendo como todos e cada vez menos sendo como nós mesmos. Eu já andava desestimulado até que alguém me trouxe uma receita, que me deu gosto. Duas sugestões pra sobreviver. A primeira é que não devemos valorizar as pequenas coisas. A segunda, é que todas as coisas são pequenas...






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domingo, maio 12

-- Copiando :)) --

Já q o Servio Tulio colocou a foto da mãe dele no blog...
tb coloco da minha :)









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sábado, maio 11

-- Depoimento --

Antes e depois do PC - Fátima Irene Pinto

Antes eu levava uma vidinha pacata. É bem verdade que por natureza, eu sempre fui caseira, e assim, no produto final da minha vida haviam as parcelas do trabalho, filhos, família, livros, música, filmes, algumas breves viagens e minhas caminhadas diárias pelos campos da minha terra. Vez por outra, eu dava uma quebra na rotina e saía para dançar. Tinha lá meus vazios e minhas angústias.

Estes sentimentos sempre foram minha marca registrada, mas que se agigantam, quando atravessamos a década dos quarenta a cinqüenta anos.
Amizades, poucas. Nunca busquei popularidade, mas nunca abri mão de qualidade nos meus poucos relacionamentos. E assim era, até que comprei o PC.

Comprei para meus filhos, quem diria, e no começo queria léguas de distância dele pois no trabalho eu já me aborrecia bastante com as freqüentes falhas do sistema e os problemas que vinham como decorrência. Mas quem tem um Micro em casa, mais dia menos dia resolve dar uma navegada. É como fumar. A primeira tragada é ruim e a gente se pergunta porque as pessoas fumam. Aí experimentamos outro cigarro e quando vemos o maço se tornou nosso companheiro inseparável. O mesmo posso dizer do Micro.

Mas acontece que este inexplicável aparelho me descortinou um horizonte cuja grandeza eu ainda não consigo mensurar. Fiz amizades que me são tão caras e valiosas como as da minha vida real. Antes, o que eram eventuais rascunhos que eu sempre acabava jogando no lixo a cada faxina, tornaram-se hoje textos e poemas carinhosamente abrigados pelos Sites que editam para mim, levando meu trabalho para milhares de pessoas.

Em prazo de um ano escrevi e publiquei um livro e outro já está a caminho, aguardando a hora certa para chegar na Editora ou quem sabe, virar um CD.
Conheci verdadeiras almas gêmeas , algumas promissoras e outras, impostoras, como diz um poema que cá chegou sem autoria... mas nunca me lembro de ter amado tanto e tão intensamente, em tão exíguo espaço de tempo. É como se a vida tivesse acelerado sua freqüência à velocidade da luz ...um torvelinho...um turbilhão!

Nunca vivi tantas e tão arrebatadoras emoções. Em frente à tela deste pequeno monitor , tenho derramado lágrimas verdadeiras como poucas vezes derramei na vida real. Lágrimas de alegria, de êxtase, de saudade, de emoção, e porque não dizer, de profunda comunhão com o outro ser, na outra ponta da linha.

Por esta telinha mágica chegam imagens celestiais que enchem meus olhos, músicas que me atordoam pela beleza e pela cadência, textos para profunda reflexão, poesias dos imortais e poesias de ilustres desconhecidos, que às vezes se imortalizam através de um único e memorável poema.

E assim, sem que eu percebesse, o PC foi ficando espaçoso demais na minha vida, a ponto de tomar conta de todo o meu tempo disponível. Eu me questiono muito e talvez outros poetas e poetisas internautas também se questionem, sobre até que ponto não estamos invertendo a ordem natural da própria vida, nesta troca do virtual pelo real.

Existem seqüelas negativas e não temo enumerá-las:

- Já não dou a mesma atenção de antes para a minha família e para meus amigos e amigas reais.
- Meu trabalho já não é o foco de todas as minhas atenções, muito embora eu nada tenha perdido em eficiência.
- Livros, TV, filmes, viagens? Raramente ou quase nunca.
- Meus instrumentos (teclado e violão) jazem esquecidos em seus cantos e quando os retomo, percebo que estou perdendo a destreza.
- Ambições materiais, como, trocar o carro pelo modelo do ano, reformas e benfeitorias na casa, mudanças na decoração que sempre me motivaram, hoje estão lá embaixo na ordem das minhas prioridades.
- Eu que não passava uma semana sem fazer as unhas, três meses sem procurar um bom cabeleireiro, seis meses sem inovar o guarda-roupas, calçados e acessórios, dou-me conta que estou usando as mesmas roupas de dois anos atrás, afora ter dispensado os dedos cheios de anéis, os brincos, os colares que eu escolhia com esmero, combinando com cada traje que eu usava.

Realmente... eu mudei muito depois que me casei com o PC e me pus a escrever.
Tudo isto será bom ou ruim? Esta troca é construtiva ou destrutiva?
Confesso que não sei. Talvez seja apenas mais uma fase da vida, mas quando olho o mundo lá fora ele me parece tão sem atrativos. E ainda que minha vista esteja péssima , minha coluna mais torta do que já era e meus pulmões escuros de nicotina, tudo que eu sei é que, neste momento minha mente e boa parte do meu coração estão inteirinhos dentro deste micro, espelhados na pequena tela deste monitor.

Será que a resposta não estaria na pergunta que meus filhos vez por outra me fazem?
- MAMÃE, VOCÊ NÃO PODERIA VOLTAR A SER COMO ERA ANTES???
E eu fico completamente perdida diante desta pergunta, porque tenho a impressão de que nunca estive tão plena, ou talvez, TÃO EQUIVOCADAMENTE FELIZ!!!

E já que tudo nesta vida tem um preço, não seria este o dízimo a ser pago, pela possibilidade de que daqui há muitos e muitos anos, alguém leia um único poema meu, que seja grandioso o bastante para resistir ao tempo e distinguir-me entre os imortais? Não há vaidade e nem logro nesta ventura. Mas quando sento aqui e me ponho a digitar neste PC é como se eu me encontrasse com o próprio Deus que me criou, que botou ferramentas em minhas mãos e agora me exorta de forma quase compulsiva, a escrever, escrever e escrever.





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-- Pra compensar a falta de posts --

Escritos de Nanin 35(Antônio Adriano de Medeiros)

OS DOIDOS

Os doidos são pessoas que, dizem, perderam o juízo.
O juízo é uma bola que a gente tem dentro da cabeça
e que ora cresce, ora diminui, assim como a lua,
e os doidos fingem ter sua lua minguante na cabeça,
mas na verdade eles vivem na lua cheia,
prisioneiros que são da procela de seus sentimentos.

O juízo existe pra que a gente aja com honestidade,
que é apenas a capacidade de ser verdadeiro e bom.

O juízo e a honestidade nem sempre andam juntos,
mas deveriam andar. Os doidos, me parece, são muito
honestos, e quando em contato com pessoas desonestas
fingem perder o juízo pra não perderem a delicadeza.
Andam maltrapilhos, exagerados, quase nus às vezes,
e falam coisas sem sentido só pra convencer os outros
que estes são mais importantes que eles, mas não são,
não, os loucos são a reserva de humanidade que nos resta.

A palavra Doido vem de Doído, é um sofrer que finge
apatia por delicadeza, qualquer pessoa hoje sabe disso,
mas isso só pode ter sido dito por outro doido,
porque só os os doidos criam, os que não são
doidos só fazem repetir ou querer explicar as coisas
que os doidos inventam, eles não têm coragem
ou talvez sua imaginação seja bem pequenininha,
porque o pensamento deles não é casa de passarim.

Muliquim era um doido que todo mundo tinha medo,
mas me tratava bem só porque eu chamava ele
de senhor; Xixica Doida, coitada, era uma doida
burra e tirava a roupa quando os outros meninos
a insultavam na rua, mas eu só fiz olhar pra ela
uma vez e ela se vestiu, envergonhada com meu olhar;
João Doido vivia calado e parecia raivoso, mas
um dia eu fui conversar com ele e descobri que
ele era um filósofo muito inteligente; Macho Cano
era um doido verdadeiramente lunático, tinha fases
que ficava alegre demais, outras raivoso, decerto
algumas triste, mas tem tempo que deixava de fingir
que era doido e passava a fingir que era normal.

Normal é ser anão de sentimentos, é fazer tudo
igualzinho ao que os outros fazem. O doido mais doido
que eu já vi foi um velho num teatro, um doido da gema,
ou seja um doido até no nome: seu nome por certo
era pra ser Arthur, mas ele se chamava de Artô,
Toím Artô, o doido mais arteiro que já vi. Ele disse
uma vez algo que as pessoas não têm coragem
de dizer, falando de certas profissões respeitáveis:
que era quase impossível ser profissional respeitável
e e uma pessoa honesta ao mesmo tempo.
Já notei que ele tinha razão.

Ah, vou parando por aqui, esse escrito tá muito longo,
e meio solto, parece até meio doido, mas deve
ser assim mesmo, pra poder ser verdadeiro.





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-- Em tempos de Mães II --

"A segunda coisa sobre poesia que aprendemos é que a poesia é para ser dita e para ser escutada: é oral, não cabe nos livros. Eu não sabia nada de aritmética, nem de botânica ou mineralogia mas, aos dez anos, já tinha aprendido, de ouvido, a recitar sonetos de Shakespeare em inglês do século XVI, ou o "Erl König", do Goethe, em alemão. E quando ela trouxe para casa um disco com poemas do Lorca recitados em espanhol pela Germaine Montero, ouvi-o tantas, tantas vezes, que fiquei a saber de cor o imenso "Llanto por Ignácio Sanchez Mejia". À mesa, entre a sopa e o prato principal, dentro de um automóvel a caminho do sul ou na missa das sete da tarde na Igreja da Graça, de repente ela começava a recitar poesia com a mesma naturalidade com que os outros falavam de coisas triviais ou respondiam em latim ao "orate, frates!" do padre. Às vezes, naquele terror que as crianças têm que os pais pareçam estranhos em público, apetecia enfiarmo-nos pelo chão abaixo quando, à mesa de um café no Chiado, ou numa loja, em plenas compras de Natal, ou caminhando connosco pela rua de mãos dadas (por vezes, distraída, perdia-nos), ela começava a recitar poesia em voz alta, como se o mundo inteiro à sua volta lhe fosse de repente absolutamente alheio. Um dia, no eléctrico a caminho de casa, ela fixou-se num letreiro, por cima de uma janela, que rezava assim: "se alguma janela o incomoda, peça ao condutor que a feche." E então, no meio daquele silêncio envergonhado dos passageiros,. que fingem não ver e não se ouvir uns aos outros, ecoou a voz dela, clara e silabada, recitando um poema: "se alguma janela o incomoda, peça ao condutor que a feche e que nunca mais a abra."
MIGUEL SOUSA TAVARES (filho de Sophia Mello Breyner)
in Jornal Público, 12 de Junho de 1999
(grifos meus)




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-- Em tempos de Mães I --


"A mim, todavia, ensinou-me o mais importante de tudo: ensinou-me a olhar. Ensinou-me a olhar para as coisas e para as pessoas, ensinou-me a olhar para o tempo, para a noite, para as manhãs. Ensinou-me a abrir os olhos no mar, debaixo de água, para perceber a consistência das rochas, das algas, da areia, de cada gota de água. Ensinou-me a olhar longamente, eternamente, cada pedra da Piazza Navone, em Roma, sentados num café, escutando o silêncio da passagem do tempo. Fez-me mergulhador e viajante, ensinou-me que só o olhar não mente e que todo o real é verdadeiro. Quem ler com atenção, verá que esta é a moral que atravessa toda a sua escrita.

A outra lição decisiva foi a da liberdade. Não só a liberdade física, não só a liberdade na luta pela justiça, "num sítio tão imperfeito como o mundo", mas ainda a liberdade na busca de um caminho próprio onde as coisas tenham uma ética e façam sentido e, acima de tudo, a liberdade da nossa própria solidão."
MIGUEL SOUSA TAVARES (filho de Sophia Mello Breyner)
in Jornal Público, 12 de Junho de 1999



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quarta-feira, maio 8

-- Reflexões --

Inda me choco com atrocidades.
A cena daquele homem(?) no México, atropelando as pessoas...sem o aval de estar drogado, bêbado...
Agir simplesmente por perversidade...
Nem se aplica a música "eu quero apenas ser cruel naturalmente"
pq, em Cordilheiras, esse desejo é pra
"descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente"



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Sérvio Túlio fazendo dissertações sobre o post "Supermercados".
Bem legal.
Confiram
! :)))



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terça-feira, maio 7

teste



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-- Reflexões práticas --

Fico irritada com atitudes burras, principalmente as que sou obrigada a fazer.
Tô falando de fazer compras em supermercado!
Vc precisa pegar o produto na prateleira, colocar no carrinho, chegar ao caixa, retirar do carrinho, colocar no carrinho de novo (se precisar levar as compras até o carro) ou em sacolas (se for levar na mão), chegar em casa, retirar as sacolas, retirar os produtos das sacoals, guardar as compras... e isso tudo muitas vezes com produtos "pesados"!
Não é uma atitude burra?
:))))



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-- Reflexões --

Acho que porque muitas vezes quis ser Anarina....

BRISA- Manuel Bandeira

Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros,
minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó,
teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.



... Escrevi isso:

e se Anarina deixou pra ir depois,
tanto mais teve de deixar:
os netos, os cães, os gatos

se Anarina só fosse agora,
muito mais teria a levar:
as cãs, as varizes, os óculos,
a obesidade, a hipertensão

Melhor que tenha ido antes...
terá morrido de remorsos
ou de inanição?





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segunda-feira, maio 6


-- Pra descontrair --

Como irritar profundamente um(a) geminiano(a)

com adaptações

Aborreça-o com lágrimas e longos monólogos sobre sua vida emocional.
Não converse com ele, em absoluto.
Monopolize-o numa festa (e não só numa festa) de forma que ele não possa se movimentar e nem conversar com mais ninguém.
Repita sempre: "De onde você tirou essa idéia?"
Peça a ele para fazer menos movimento com os braços e com as mãos em público
Quando ele iniciar um assunto, diga:"Isso eu já sei!" ou então: "- Lá vem você de novo!"
Abra a porta do quarto dele e berre:"Vai sair dessa Internet ou não vai?" ou..."Vc sabe que horas tem?"



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-- Poema de segunda-feira --


(de)poente



Como, triste,
se me tomas como guardiã
de teus olhos?



Como, triste,
se depões tuas mãos sobre as minhas
para que eu te leve,
por onde for?



Como, triste,
se há a certeza
de que me esperas,
no fim do caminho?

Ivy
06/5/02



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domingo, maio 5

-- Um poema --

já que é noite e tô com sono...:))

Vou-me

sem carregar culpas
pois já me bastam as recusas

Recolho-me
Recluso-me
Repenso-me

Respeito meus sentimentos
mais que a meus semelhantes

Ivy
30/04/02




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-- Música da noite --

Viajante - Tereza Tinoco

Eu me sinto um tolo
Como um viajante
Pela sua casa

Pássaro sem asa
Rei da covardia

E se guardo tanto
Essas emoções
Nessa caldeira fria
É que arde o medo
Onde o amor ardia

Mansidão no peito
Trazendo o respeito
Que eu queria tanto
Derrubar de vez

Pra ser seu talvez
Pra ser seu talvez

Mas o viajante
É talvez covarde
Ou talvez seja tarde
Prá mostrar que arde
Com maior ardor

A paixão contida
Retraída e nua
Correndo na sala

Ao te ver deitada
Ao te ver calada
Ao te ver no ar

Talvez esperando
Desse viajante

Algo que ele espera
Também receber

Prá quebrar as cercas
Com que insistimos
Em nos defender



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sábado, maio 4

-- Reflexão --
Corcovado - Tom Jobim


Um cantinho, um violão
este amor e uma canção
pra fazer feliz a quem se ama

Muita calma pra pensar
e ter tempo pra sonhar
da janela vê-se o Corcovado
o Redentor, que lindo

Quero a vida sempre assim
com você perto de mim
até o apagar da velha chama
e eu que era triste
descrente deste mundo
ao encontrar você eu conheci
o que é felicidade meu amor..


Mais...pra quê???





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quinta-feira, maio 2

-- Poema do dia --

Lágrimas

Quando triste,
também os olhos
e não só as lágrimas,
assumem a dimensão
de todo o rosto

Ivy
02/5/02








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quarta-feira, maio 1

-- Feriado --

Por aqui começou bem, com muito bom humor e risadas
:)



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